segunda-feira, 13 de junho de 2016

Demolidor - 2ª Temporada

Demolidor foi a primeira série da parceria Netflix e Marvel e, como não poderia deixar de ser, foi um sucesso absoluto. Eu confesso que não gostei da série na primeira temporada tanto quanto o hype dela pedia. Achei ela muito épica em ação, mas com pouco espaço para desenvolver os personagens e a história. Queria ter visto um pouco mais da pessoa Matt Murdock e um pouco menos do Demolidor. Apesar da série ser sobre o alter ego e não sobre o ser humano, acho que a parte normal do personagem é essencial para caracterizar o herói.
PS: Essa crítica NÃO contém spoilers.
Como não sou fã de quadrinhos e nunca acompanhei um, minha referência sobre o personagem é o filme, não tão bem recebido, do Ben Affleck. Qualidade do filme à parte, foi nele que eu conheci a história de Matt Murdock, por mais superficial que tenha sido. Um advogado católico que se veste de diabo de noite para enfrentar o crime que a justiça não consegue combater. Essa questão, para mim, faltou na primeira temporada. Como um advogado católico, ele acredita não só na justiça dos homens, mas também na justiça divina. Ao mesmo tempo, ele resolve virar um justiceiro fora da lei para garantir que a justiça seja feita até em locais que ela é incapaz de chegar.
Felizmente, a segunda temporada corrigiu todos esses problemas para mim. A divisão dos episódios foi bem estruturada para que, na metade da temporada fosse introduzido o Justiceiro, e, na outra, a Elektra. Mais interessante que os personagens em si, foi a relação deles com o Demolidor e o quanto eles eram opostos. Nessa temporada, há uma trama bem mais voltada pro Matt e o que ele pensa sobre várias questões. Enquanto o Justiceiro acha que deve fazer justiça matando as pessoas, Demolidor acha que não cabe a ele condenar ninguém à pena máxima. Já Elektra o coloca no limite ao ser ainda mais implacável e não racionalizar muito sobre o direito de viver de ninguém. Esse embate de ideais permeia toda a trama e nos coloca na posição dos personagens. Afinal, um dos debates que ocorre no Brasil de hoje é sobre a criação da pena de morte no país.
Foggy e Karen estão melhores na série, não só na questão da relação deles com Matt, mas no desenvolvimento das próprias histórias. É bom que eles não sirvam só de apoio para o personagem principal e que tenham as próprias vidas. Isso demonstra um planejamento maior da série em criar um mundo real e não apenas uma história focada no Demolidor. Inclusive, o destaque que Justiceiro teve na série, onde a origem dele foi apresentada quase como uma minissérie dentro da temporada, foi um dos melhores acertos. Mostra que o personagem principal não é independente do mundo, mas sim fruto de tudo o que acontece ao redor dele. Só que isso, ao mesmo tempo, esbarra em uma outra questão que precisa ser abordada: Jessica Jones.
Para quem não sabe ou não viu a série da Jessica Jones, ela é uma anti-heroína e investigadora que atua em Hell’s Kitchen. Sim, o mesmo BAIRRO de Matt Murdock e mesmo assim… eles não se encontram. Legal, citam ela em uma fala, mas por que ela não aparece nem que seja passando pela rua? A mesma coisa eu já tinha reparado na série dela que estreou depois da série do Demolidor. Eles citam o personagem, mas ele não aparece nem de relance. Isso é algo ruim porque enfraquece o MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), justamente porque a Marvel resolveu juntar o mundo das séries e dos filmes. Se nem em duas séries da mesma produtora há um crossover entre os personagens, fica a dúvida sobre algo maior além de personagens secundários aparecendo em outras séries ou menções que soam mais como referências do que um crossover. Nesse ponto, a DC está muito à frente fazendo crossover de séries até mesmo de duas empresas diferentes, algo impensado nos dias de hoje.
Falar dessa série e não dizer nada sobre a produção chega a ser um pecado. A segunda temporada mantém o nível de cinema que a equipe técnica entrega com maestria. As cenas de luta são impecáveis e cada vez mais inventivas. A fotografia é um pouco escura demais, mas realça a trama sombria e adulta. Há uma cena no nono episódio que é a minha preferida da série porque ela mostra uma violência tão crua e real que chega a ser bonito de se ver. É poético. Ver Demolidor continua sendo, ironicamente, uma experiência visual indescritível. É o tipo de trama que prende mais pela embalagem do que pelo conteúdo.
A terceira temporada não foi confirmada e com tanta série para estrear, como Luke Cage, Punho de Ferro e, depois de muitos pedidos, Justiceiro, fica a dúvida se a série terá uma próxima temporada. Afinal, a ideia é que junto desses personagens e Jessica Jones, Demolidor faça parte de “Os Defensores”, série que já está prevista nos planos da Netflix, onde o grupo se reúne para defender a Costa Oeste dos EUA. Portanto, talvez seja mais fácil vermos o personagem em outras séries ou que a terceira temporada demore bastante para sair. De uma forma ou de outra, como a maioria das produções da Netflix, Demolidor merece ser apreciada sem moderação.
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