segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Pantera Negra

Pantera Negra (Black Panter, no original) chega aos cinemas com uma certa pressão. Ele é o primeiro filme solo de um super-herói negro nessa nova leva do gênero e o primeiro do MCU (Marvel Cinematic Universe). De um lado, está toda a importância de mostrar a representatividade. Do outro, a necessidade de provar que, assim como Mulher-Maravilha ano passado, ele é rentável e, assim, abrir caminho para muitos outros filmes cuja diversificação do elenco seja tão bom para o público quanto para os estúdios, e ainda mais, para atores fora dos padrões Hollywoodianos. Nessa crítica sem spoilers, vou abordar como o longa conseguiu fazer tudo isso e mais um pouco.
De longe, posso dizer que é o melhor roteiro e direção do MCU. Ryan Coogler, que assina os dois, consegue FINALMENTE dar ao público um filme sério da Marvel. Ele consegue tratar de questões muito adultas com qualidade, respeitando e não subestimando o público. O trabalho é tão bom que o desenvolvimento de todos os personagens é muito bem feito, o que mostra que a fórmula expositiva, que é costumeira da empresa, não é o ideal, nem muito menos satisfatório.
Finalmente também, temos um vilão incrível e com várias camadas. Conseguimos entender as motivações dele e a construção de como ele se tornou o que é. Há um contra-ponto com T’Challa aka Pantera Negra, que mostra uma diferença ideológica interessante. Tira o tom maniqueísta que a fórmula de herói carrega e trás o longa para o plano real, onde cada um absorve o mundo de uma maneira, de acordo com a própria vivência.
Não posso deixar de falar também da produção excelente que me fez ficar pensando durante a sessão sobre a possível indicação em Melhor Design de Produção no Oscar do próximo ano. Conseguiram aliar tecnologia muito avançada com a cultura e tradição de um reino africano antigo, sem que descambasse para algo surreal. Você consegue comprar que tudo aquilo existe e que é real. Os figurinos são de cair o queixo e a trilha sonora também acompanha a vibe tribal moderna, que encaixa perfeitamente com a estética.
Falar de Pantera Negra sem abordar a representatividade do filme, pareceria errado, pra mim. E, por mais que ele exalte muito os negros, em geral, não dá para deixar de notar como ele trabalha as personagens femininas. É um nível que a Marvel nunca sequer nem pensou em chegar perto. Há uma quebra de diversos estereótipos, ainda mais para mulheres negras, que aqui ganham várias representações, camadas, virtudes e características. Como disse mais acima, existe uma preocupação enorme com a construção dos personagens e isso contribui e muito com a qualidade da produção.
As cenas de ação são de tirar o fôlego. Tem um plano-sequência que me deixou arrepiado de tão bom e me pegou completamente desprevenido. As coreografias das lutas estão bem inspiradas e conseguem construir a tensão que faz você se perguntar se alguém pode morrer ou não, a qualquer momento. O CGI funciona bem na maior parte dos momentos, vacilando de forma suave em outros, mas não chega a ser um problema grande. Depois de imerso nesse mundo cuidadosamente criado, não dá para perceber muitos erros técnicos de efeitos visuais - pelo menos, eu não consegui.
Na atuação, não consegui enxergar alguém que se destacasse. Para mim, todos estão muito bem e tem o próprio momento de brilhar. Chadwick Boseman tem o carisma e postura perfeitos para dar vida ao Pantera Negra e inspirar a todos como rei e herói. Michael B. Jordan consegue passar com sentimento toda a raiva de Killmonger e abrilhanta ainda mais o vilão. Lupita Nyong’o, Danai Gurira e Letitia Wright roubam todas as cenas em que aparecem e personificam exemplarmente qualidades e valores importantes para nova geração, formando, junto com Chadwick, um quarteto fantástico bem mais fantástico que o original.
Pantera Negra, para além da representatividade super necessária nos dias de hoje, é um filme muito bom. Ele emociona, entretém, extasia nas cenas de ação e ainda consegue passar uma mensagem forte, de forma séria e sem infantilizar o público. O elenco tem um carisma invejável que, alinhado com uma direção e roteiro inspirados transforma esse filme no primeiro must-see dos blockbusters de 2018. Com ele, Marvel mostra que ainda tem fôlego e é capaz de mudar e adaptar sua fórmula.
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