sexta-feira, 15 de julho de 2016

Mr. Robot - unm4sk-pt1.tc e unm4sk-pt2.tc

Depois de uma primeira temporada excelente e que rendeu até Globo de Ouro de Melhor Série Dramática, Mr. Robot volta para a segunda temporada um pouco mais devagar do que o esperado. Para quem não sabe, o primeiro episódio é duplo. Por isso, tem parte um e parte dois (se você só viu um episódio de quarenta minutos, então você só viu a parte um). Para não dar tela azul, vou comentar as duas partes separadas e fecharei com uma visão geral.
Atenção: O texto a seguir tem SPOILER da season premiere de Mr. Robot.
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O episódio começa com uma cena que já aconteceu cronologicamente. Podemos ver o envolvimento de Tyrell no plano que “derrubou” a Evil Corp. Logo após, vemos o momento em que o Elliot cai da janela do quarto dele, enquanto é criança. O pai grita para a mãe que foi um acidente e eu fiquei bem surpreso disso ser mostrado. Depois da descoberta de que ele e o Mr. Robot eram a mesma pessoa, fiquei em dúvida se Elliot não se jogou e achou que tivesse sido o pai, como na cena do final do segundo episódio da primeira temporada.
Isso pode ser interessante para mostrar que Elliot não sofre desse problema desde cedo. Vai ver, ele só ficou assim após a morte do pai e se culpa até hoje por ter traído a confiança dele. Outro ponto interessante é que o pai de Elliot fala que não haverá nenhuma conta, para a esposa. Isso quer dizer que ele já tinha o plano de acabar com a Evil Corp e provavelmente Elliot resolveu assumir o papel dele depois que ele morreu. Por isso, Mr. Robot ser aparentemente o pai de Elliot faz muito sentido e gostei bastante de como eles conectaram tudo.
Elliot está em uma casa diferente, tem amigo, limpa a casa, vai à igreja duas vezes por semana. Sério, me perguntei se eu estava vendo a mesma série. Só aos poucos que fui entendendo o brilhante roteiro desse episódio de duas partes. Ele precisava se afastar da antiga vida dele e, por isso, se colocou em uma iteração. Não há condições dentro dessa rotina que o levem a quebrá-la. Enquanto ele não tiver o que quer, vai repetir tudo de novo. Em um algoritmo genérico de programação, poderia resumir isso em:
1 - tenho o que quero?
2 - Se a resposta for Sim, vá para o passo 5. Se a resposta for não, vá para o passo 3.
3 - Continue com a rotina.
4 - Volte para o passo 1.
A analogia com o loop (laço ou iteração em português) de programação é bem inteligente, como todas as analogias da série, porque essa iteração segue a lógica de programação. Isso quer dizer que algo é verdadeiro ou falso, não há meio termo. Se a premissa da iteração for verdadeira sempre, o programa executará a rotina para sempre, teoricamente (na vida real, ele “entra em loop”, expressão que indica que não há possibilidade dele sair da iteração nunca, e o programa para de executar, em alguns casos). Agora, por que eu estou falando isso? Porque essa analogia diz muito sobre a nossa sociedade como um todo. A maioria das pessoas entra na iteração estudo e ficam nela durante bom tempo, depois entram também na iteração trabalho, depois na iteração família e quando se dá conta, ela morreu dentro da mesma iteração em que nasceu: “enquanto se sentir incompleto, faça algo que o aproxime da satisfação”. Guarde isso para a parte dois porque vai ser importante.
Descobrimos que Elliot voltou a morar com a mãe e que fez isso porque ela é bastante rígida e o mantém afastado do mundo da programação. É interessante ver que ele continua se tratando com a Krista e como ele percebe toda essa lógica de iteração. Se alguém achou que depois de descobrir que Elliot é o Mr. Robot tudo ficaria mais claro, essa pessoa não poderia estar mais enganada. As cenas com os dois são mais insanas do que de costume e me deixam bem confuso só de tentar imaginar como elas seriam se fossem vistas pela visão de uma outra pessoa, que não o Elliot.
Não foi só isso que mudou. A relação entre Elliot e Mr. Robot também sofreu grandes alterações. De mestre dos magos conselheiro, Mr. Robot virou o Vingador. Quer que o Elliot continue a revolução que os dois começaram e usa da influência interna que ele tem para fazê-lo ceder. Uma cena bem tensa dos dois foi a conversa com o Gideon. No final, você percebe que ele estava com a faca na mão cortando a maçã (a parte Mr. Robot) e sentado de frente para o Gideon (parte Elliot). Por mais que eu entenda os motivos do Elliot, achei sacanagem ele negar ajuda pro ex-chefe. Afinal, querendo ou não, ele só conseguiu fazer a revolução por causa dele também. Não gostei dessa quebra na relação dos dois porque achava que era um dos relacionamentos mais legais da série.
Aparentemente, a revolução não acabou completamente com a Evil Corp. Ao invés de se desintoxicar das linhas de código como o irmão, Darlene está disposta a manter o que Elliot começou. Ela, ao que parece, é a líder da FSociety agora e está preocupada com a recuperação da Evil Corp. Ela traça um plano, que só saberemos se funcionará na próxima parte. Vale ressaltar que Carly Chaikin, atriz que dá vida à Darlene precisou apenas de poucos minutos em cena para mostrar uma atuação bem consistente e segura. Consigo enxergar a personagem da temporada passada, só que não como se o tempo tivesse parado, mas sim com amadurecimento e com o peso da responsabilidade que agora cai nos ombros dela.
Essa foi a review da primeira parte do episódio. Tiveram alguns personagens novos que deixei de fora, mas é porque eu quis focar no que eu realmente achei importante. Confira abaixo a review da parte dois.
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Scott Knowles, CTO da Evil Corp, resolve acatar o pedido da FSociety e leva 5,9 milhões de dólares para um parque. Ele espera que alguém vá pegar o dinheiro, mas ao invés disso ele recebe uma encomenda. Ele deve colocar a máscara da FSociety e queimar todo o dinheiro. Ele tira todo o dinheiro das bolsas e cumpre o trato. O que me surpreendi nesse plano é que eu realmente achava que alguém iria pegar o dinheiro, mas achei interessante eles não pegarem porque a política deles é exatamente a de não querer dinheiro.
Então, eu achei que eles iriam fazer o CTO da Evil Corp colocar a máscara da FSociety e distribuir aqueles milhões todos, mas de novo me enganei. Eles não querem que as pessoas sejam dependentes de dinheiro também. Logo, queimá-lo foi uma grande sacada. A empresa passa por uma crise financeira grave e um dos altos executivos é visto queimando dinheiro. Mesmo que seja revelado (como foi) que foi tudo orquestrado pela FSociety, é como se a Evil Corp estivesse indefesa nas mãos deles. Quer forma melhor de acabar com a reputação de uma empresa?
Philip, CEO da Evil Corp, negocia com o governo. Ele já pegou 900 bilhões de dólares e gastou o dinheiro em trinta dias. Isso mostra que a empresa não está tão bem quanto Darlene achava. Basicamente, continuam a viver de fachada. Lembra do que eu pedi para guardar lá em cima? (“enquanto se sentir incompleto, faça algo que o aproxime da satisfação”). Então, nessa cena podemos ver algo bem pertinente sobre isso. Ninguém no mundo é realmente incompleto. Somos levados a pensar que somos para que as empresas possam vender coisas que não precisamos. Elas vendem a ilusão do emprego dos sonhos, onde nós nos sentiremos realizados por contribuir positivamente com a sociedade. Tudo isso, porque elas precisam da nossa mão de obra. Muitas vezes, elas não precisam nem vender o emprego dos sonhos, basta ser um emprego, algo para a pessoa fazer em troca de dinheiro. Ao mesmo tempo, elas colocam na nossa cabeça que nós precisamos comprar aquele produto que elas vendem. Se não fizermos isso, nós não seremos felizes, nós falhamos na vida. Essa é a iteração em que vivemos: uma grande mentira contada por quem domina o mundo.
Elliot continua brigando com Mr. Robot pelo controle das próprias ações. Ele se apoia na iteração que inventou para tentar fazer com que a outra personalidade dele vá embora. Enquanto isso, Angela trabalha de Gerente de Relações Públicas da Evil Corp e defende o trabalho com unhas e dentes, já que faz apenas um mês que começou do nada na empresa e algumas pessoas acham isso estranho. Ela se encontra com Antara, a advogada que resolveu pegar o caso dela contra a Evil Corp, e as duas discutem sobre Angela continuar no trabalho. Angela é enfática e dispensa Antara após afirmar que quer ficar no trabalho porque lá ela se sente valorizada.
Quando Angela aceitou esse emprego lá na primeira temporada, eu já achei isso o cúmulo do absurdo. Porém, havia todo aquele discurso sobre ela acabar com a corporação por dentro e tudo mais. Então, acreditei e confiei que na segunda temporada ela seria uma “espiã” e iria tramar alguma coisa para ajudar no processo dela contra a Evil Corp. Nada disso aconteceu e ela apenas demonstrou ser uma pessoa que eu não queria acreditar que ela fosse. Lembra da iteração em que vivemos? Então, Angela a vive de forma plena e sem questionar o porquê de tudo acontecer como acontece. Se ela parasse para pensar só por um segundo, ela não trabalharia jamais em uma empresa que foi responsável pela morte da mãe dela, nem que fosse o cargo mais importante. Ela se vendeu pelo sonho de ser valorizada e se sentir especial.
Um personagem novo que achei importante, mas não sei bem se continuará na trama, é Brock. Ele mata Gideon após afirmar que o antigo dono da Allsafe é um bode expiatório importante da FSociety. Eu fiquei muito chocado com a morte dele porque foi uma cena inesperada. Gostava bastante do personagem e é uma pena que ele tenha partido. Porém, ao concluir o episódio fiquei pensando se a morte dele não foi obra do Mr. Robot. Sabemos que Elliot perde o controle as vezes e que o Mr. Robot queria fazer alguma coisa em relação a Gideon. O que você acha, foi algo espontâneo de um maluco que perdeu muito com a crise ou foi algo encomendado pelo alter ego de Elliot?
Durante a segunda parte, somos levados a refletir sobre o conceito de máscara e de retirada de máscara, que dá nome ao episódio. Elliot compreende que Mr. Robot é uma máscara, mas o problema é que ele não sabe o quanto dessa máscara é ele próprio e o quanto não é. Mr. Robot acaba cedendo e entrega à Elliot o que ele queria: Tyrell. O que podemos esperar daqui para frente é que Elliot saia da iteração de mentira dele e volte para o mundo da programação, já que conseguiu extrair do Mr. Robot o que queria. Quanto a Tyrell, foi interessante ver que no início da parte um, aparece ele tirando a máscara da FSociety. Será que tem algum duplo sentido nessa passagem ou foi só uma referência ao nome do episódio?
Antes de terminar essa review, preciso dizer que a cena em que Elliot resolve encarar Mr. Robot de frente e começa a gargalhar é excepcional. Rami Malek faz jus à recém indicação ao Emmy com uma atuação brilhante. Ele estava tão imerso no personagem que a loucura dele foi palpável. A direção da série continua de tirar o fôlego e a trilha sonora, incrível. Não sei se foi só eu que senti que a fotografia mudou um pouco. Continua naquele tom realístico, mas acho que está mais clara. Olhando para os duas partes como um todo, gostei bastante do que vi. A primeira começa mais lenta, para nos atualizar sobre os personagens, e a segunda já é focada na história em si. A série mostra que ainda tem bastante fôlego para continuar surpreendendo.
OBS1: Hello, friend. Eu farei review de todos os episódios da segunda temporada de Mr. Robot, então se você quiser acompanhar a série comigo, curta a página do blog no facebook clicando aqui para ficar sabendo quando a review sair. 
OBS2: Se você chegou no blog através dessa coluna e quer saber mais sobre esse espaço, leia a minha primeira coluna explicando o blog clicando aqui.
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